Um homem pula do alto de um pr???dio comercial. L??? em baixo h??? um grande alvoro???o, pessoas correndo para verificar se o homem morto ainda respira. Essa curiosidade m???rbida dos seres humanos em si j??? ??? um tipo de insanidade, tudo isso acontece inconscientemente, as pessoas n???o se d???o conta da l???gica nem da raz???o, antes de serem como que empurradas, no meio da multid???o para constatar o que j??? sabem. Como se fosse poss???vel algu???m sobreviver a uma queda de tamanha altura. Ao constatar a morte do ...
Read More
Um homem pula do alto de um pr???dio comercial. L??? em baixo h??? um grande alvoro???o, pessoas correndo para verificar se o homem morto ainda respira. Essa curiosidade m???rbida dos seres humanos em si j??? ??? um tipo de insanidade, tudo isso acontece inconscientemente, as pessoas n???o se d???o conta da l???gica nem da raz???o, antes de serem como que empurradas, no meio da multid???o para constatar o que j??? sabem. Como se fosse poss???vel algu???m sobreviver a uma queda de tamanha altura. Ao constatar a morte do desconhecido, digo constatar, pois ao se depararem com a cena dantesca, diante de um corpo estra???alhado, logo em seguida, quando lhes volta a raz???o e algum sentido de l???gica, em seguida os observadores an???nimos comentam entre si. Que loucura! Esse homem deve ser um desses loucos que andam por a??? sem rumo na vida. Ningu???m em seu estado normal comete suic???dio, pelo menos ??? esse o parecer nada cient???fico do senso comum. Pensa uma senhora de idade mediana, que tamb???m tem filhos. Outro homem, esse moreno claro, que n???o tem filhos nem filhas, pois ??? eunuco por op??????o, faz somar sua voz ao coro tr???gico do absurdo e diz. ??? loucura, o que mais poderia ser? - Algu???m ser capaz de tirar a pr???pria vida. O mundo est??? mesmo louco. N???o ??? lugar-comum todo esse espanto das pessoas que aqui s???o observadas pelo narrador, mas diante da trag???dia p???blica com a qual lidamos, com pessoas comuns em cena, pois se s???o comuns, s???o porque se encontram a esta hora a passar por um centro comercial, pessoas que n???o raro se deslocam em busca de garantir seu p???o di???rio. Portanto, essas pessoas, sendo humanas e comuns n???o poderiam descrever o que sentem e enxergam, a n???o ser com palavras simples como estas: Loucura... Trag???dia... Absurdo!O mundo ??? o mesmo de sempre, meus caros amigos, esse absurdo de contradi??????es humanas. Esse coment???rio, um tanto desconexo e de cunho filos???fico, poderia muito bem ser do narrador, que tamb???m nos parece pessoa humana e comum como os demais. Contudo, quem o faz ??? um senhor bem vestido, que pelo traje e vocabul???rio podia ser um advogado, um professor, ou mesmo um doutor da ???rea m???dica. No entanto ele silencia. Cala diante do que v???, e mesmo sendo culto n???o tem cabedal ret???rico para continuar com seu argumento em defesa do tr???gico acaso, e para n???s n???o importa saber seu nome ou sua origem, nem tampouco seu tof???cio. S???o as pessoas que est???o loucas, sem objetivo. Diz outro senhor de barbas longas, que olhava o morto sem demonstrar nenhuma confus???o mental ou interesse especial. A vida perdeu o sentido. Diz outra voz um pouco fora da multid???o. Todavia, n???o podemos nos esquecer de um fato estranh???ssimo, que ocorrera neste nosso cen???rio f???nebre. Ao lado do corpo, entre tanta confus???o e alvoro???o, h??? um c???o, que depois de um uivo alucinante e assustador silencia e baixa a cabe???a, como quem lamenta a perda de um ente querido, enquanto tudo se encaminha para o desfecho da nossa hist???ria tr???gico-urbana. Esse c???o, que mesmo sendo incomum nas suas atitudes e gestos, al???m de uivar podia chorar, levando em conta que o contexto nos daria raz???o para supor ser normal, um c???o que chora, todavia n???o ??? esse c???o o c???o das l???grimas de outros tantos romances famosos e incomuns, como se apresenta este nosso Ensaio Sobre a Loucura. Esse c???o preferiu uivar, depois silenciosame
Read Less