Na filosofia socr???tica n???o havia, como finalidade castradora de subjetividades transcendentes, a reprodu??????o de pensamentos j??? pensados. N???o havia a reexplica??????o ou redund???ncia, de maneira prolixa, e/ou sofisticamente herm???tica, daquilo que j??? estava explicado, pelos autores, em suas filosofias ou obras. A pr???pria ess???ncia dial???tica do m???todo socr???tico (ironia e mai???utica) n???o permitia isso. Para S???crates estava claro que a filosofia, e n???o somente a sua, era ou deveria ser uma busca ...
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Na filosofia socr???tica n???o havia, como finalidade castradora de subjetividades transcendentes, a reprodu??????o de pensamentos j??? pensados. N???o havia a reexplica??????o ou redund???ncia, de maneira prolixa, e/ou sofisticamente herm???tica, daquilo que j??? estava explicado, pelos autores, em suas filosofias ou obras. A pr???pria ess???ncia dial???tica do m???todo socr???tico (ironia e mai???utica) n???o permitia isso. Para S???crates estava claro que a filosofia, e n???o somente a sua, era ou deveria ser uma busca constante pelo saber. Arist???teles, por exemplo, havia sido disc???pulo de Plat???o; e Plat???o tamb???m havia sido disc???pulo de S???crates. Todavia, Arist???teles, divergente de seu mestre (Plat???o = idealismo), e tamb???m da filosofia de S???crates em muitos aspectos, passou a comungar da ideia de que "do espanto diante da realidade" (empirismo) ??? que faz-se nascer a necessidade de buscar o saber (faz-se nascer o fil???sofo), e n???o do mundo das ideias. Logo, Arist???teles deu saltos qualitativos em rela??????o ??? filosofia de Plat???o, mesmo ou exatamente por ter sido disc???pulo deste. E isso se deve ao fato de que Plat???o, enquanto disc???pulo de S???crates, havia aprendido tamb???m com o seu mestre estrat???gias para poder fazer com que os diferentes homens que cruzassem o seu caminho, buscando interlocu??????o, criassem pausas ??? reflex???o, descessem dos seus pedestais de ditos sabedores ou de donos da verdade, e buscassem pensar, por si pr???prios, de formas disruptivas[1] (ainda que al???m ou diferente dos seus mestres). O fato ??? que S???crates, com o seu m???todo, criava condi??????es para fazer despertar o fil???sofo em qualquer ser que ousasse dialogar de maneira profunda com ele. Com a sua filosofia, ele nunca se predisp???s e/ou quis fazer a cabe???a de ningu???m. A ???tica socr???tica era provocativa, dial???gico-dial???tica. S???crates, embora talvez muitos desconhe???am, nunca quis que os seus interlocutores pensassem como ele pensava. Queria que eles fossem capazes de questionar aquilo que eles pr???prios julgavam saber e/ou que tinham como status quo de dita verdade. Por esse motivo, exatamente por esse motivo, Plat???o, apesar de disc???pulo de S???crates, n???o reproduziu o pensamento filos???fico de S???crates; e Arist???teles, tamb???m apesar de disc???pulo de Plat???o, n???o reproduziu o pensamento filos???fico de Plat???o. Em outras palavras, S???crates, com a sua filosofia, estava preocupado em "formar" seres que, depois de ironicamente confrontados por ele diante do que julgavam saber (suas doxas), pudessem tamb???m realizar um processo introspectivo de reflex???o e desenvolverem a capacidade de rearticularem seus pr???prios racioc???nios e/ou argumentos, de pensar diferente. Esse processo ir???nico-mai???utico, ??? claro, sabia S???crates, poderia come???ar na pra???a p???blica, num gin???sio (ou em quaisquer outros lugares), mas, com rar???ssimas exce??????es, quase sempre tamb???m nunca terminaria neles. S???crates, por exemplo, sabia que: Muitos daqueles que se predispunham a confront???-lo, por terem certeza de que eram donos da verdade ou s???bios, nunca despertariam para o estado "de" ou do filosofar; Alguns, n???o tendo a capacidade de voltarem a se reorganizar mentalmente, enlouqueceriam, ainda que momentaneamente; Outros
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